Palestra e Pregação segundo Martyn Lloyd-Jones


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Como artesão-mestre, conhecedor de seu ofício, Martyn Lloyd-Jones demonstrava a habilidade necessária para a excepcional pregação expositiva ao reconhecer a diferença entre uma palestra e um sermão.

Uma palestra é uma fala educativa dada em ambiente de sala de aula, com o íntento de transferir informação do instrutor a seus alunos. Lloyd-Jones entendia que a palestra opera em nível puramente intelectual, sem intenção de impacto emocional. Nem é dado um desafio à vontade. A palestra funciona como entrega cognitiva de fatos detalhados.

Por outro lado, Lloyd-Jones cria ser a pregaçâo algo totalmente diferente. “A pregação”, ele contendia, “nâo é o mesmo que dar uma palestra sobre teologia”. Um sermão é muito mais do que uma palestra unidimensional. Ainda que as palestras sejam boas, elas pertencem à sala de aula, não ao santuário. Lloyd-Jones insistia, “a tarefa do pregador não é apresentar o evangelho academicamente”. Porém, um sermão deverá “apresentar a Palavra de Deus ao homem todo”. Ou seja, o sermão tem de tratar da pessoa em sua totalidade, a mente, os afetos e a vontade. Onde a palestra apenas instrui a mente do ouvinte, o sermão vai mais longe e move as emoções, desafiando a volição do ouvinte.

Apontando para as epístolas de Paulo, Lloyd-Jones notou que podem se dividir em duas seções principais. O apóstolo começa com uma seção doutrinária. Então, chega a um “portanto” em que começa a aplicar a teologia ensinada. “Ele arrazoa com eles quanto ao modo como devem viver”, o Doutor explica. Diz ele: ‘A primeira metade… é doutrinária, e a segunda parte é prática ou aplicativa. Com isso, Lloyd-Jones enfatizou a necessidade do expositor incorporar tanto o doutrinário quanto o prático, em sua pregação. Tem de haver ambos: ensino e aplicação da sã doutrina. Tal ênfase dupla distingue um sermão de uma palestra. A palestra só tem ensino, enquanto o sermão tem o ensino e a aplicação, junto com a exortação.

Ao contrastar a palestra com o sermão, Lloyd-Jones asseverou que a pregação do sermão não deve ser confundida com dar uma palestra. Uma palestra começa com um assunto, e se preocupa em dar conhecimento e informação concernente a esse assunto em especial. O seu apelo é primariamente e quase exclusivamente à mente; seu objetivo é dar instrução e declarar os fatos.

A uma palestra, nota Lloyd-Jones, “falta o elemento do ataque, a preocupação em fazer algo para o ouvinte, o que é essencial à pregação”. Um sermão procura criar a impressão sobre o ouvinte, explica ele, para que seja comovido a sentir a verdade e seguir o desejado curso de ação.

Lloyd-Jones ressaltava a importância de pathos, sentimento compassivo, no sermão, ou seja, o despertar das emoções. Este elemento, ele confessava, muitas vezes falta às pregações de reformados, que são pensadores altamente cognitivos. Ele declarou: “Tendemos a perder o equilíbrio e nos tornar exageradamente intelectuais, na verdade quase desprezando o elemento de sentimento e de emoção”. Sendo homens cultos, ele argumentou, os reformados “têm tendência de desprezar os sentimentos”. Rebaixam os que ficam emotivos como quem não tem entendimento”. Mas, se é possível contemplar estas gloriosas verdades e permanecer imóvel, ele concluiu, “há nessa pessoa algo de defeituoso”.

Lloyd-Jones cria que um sermão deveria direcionar a vontade do ouvinte ao caminho da santidade pessoal. No sermão, o pregador deve oferecer passos práticos, e instar com o ouvinte a seguir a vontade prescrita de Deus. Um sermão jamais deve ser um fim em si mesmo, mas um meio para um fim maior. A congregação deve tomar passos decisivos de obediência para viver a Palavra de Deus.

Lloyd-Jones entendia que um sermão procura fazer algo ao ouvinte. Ele disse: “O pregador não está meramente ali para falar com eles, não está ali para entretê-los. Está ali e quero enfatizar isto para fazer algo a essas pessoas; levá-las a produzir resultados de diversos tipos; ele está ali para influenciar as pessoas”. Portanto, o sermão, ele insistia, tem de ter o elemento de produzir mudança de vida no ouvinte. Lloyd-Jones explicou: “Ele está ali para tratar da pessoa integral e sua pregação deve afetar a pessoa em sua totalidade, no próprio cerne de sua vida”. É esta a espécie de pregação que o expositor tem de praticar.

Conheça a Obra: Um Perfil de homens piedosos.


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