Quando um sermão não é um sermão? Quando a exegese foi concluída; a doutrina, reunida; a estrutura, harmonizada; as ilustrações, selecionadas; as aplicações, preparadas; e, a versão final, escrita. Mas, ainda não há um sermão — nenhum sermão! Um sermão não tem existência enquanto não é pregado.
Esta é a razão por que a apresentação pública de um sermão tem importância crucial. A mensagem mais bem preparada do mundo terá pouco valor, se não for apresentada tão bem quanto deveria ser. O trabalho árduo de nossas horas e dias pode se perder em um momento. Um bebê pode ser concebido no ventre da mãe e crescer bem, até o instante de seu nascimento, mas poderá destroçar o coração dos pais, se nascer morto.
Penso que já disse isso antes: em minha vida, cheguei a um estágio em que ouço muitos sermões. Por causa de meus círculos de convivência, tenho poucas queixas a respeito do conteúdo desses sermões. Mas muitos dentre eles são apresentados de modo sofrível. Isto acontece porque os pregadores dão mais atenção à preparação do sermão do que à sua exposição pública. Sobem ao púlpito com o senso de que já têm algo completo. Dizem a si mesmos: “Tenho um sermão”, não admitindo que um verdadeiro sermão é aquele que as pessoas levam consigo para casa. Eles são cuidadosos na maneira de elaborar seus sermões, mas negligentes, e até medíocres, na maneira de comunicá-los.
Isso não produzirá resultado algum. Sermões pregados de modo negligente não glorificam a Deus. Desapontam as pessoas, retardam a progresso do evangelho e provocam grande medida de rejeição. Todo pregador tem de avaliar como apresenta o seu sermão, a cada vez que o prega. Ele não progredirá automaticamente. Pode até piorar, especialmente se os seus maus hábitos se tornam tão arraigados, que o incapacitam de livrar-se deles. Se negligenciarmos o assunto da apresentação do sermão, logo será muito tarde para progredirmos. Peço-lhe que considere estes sete aspectos:
01. Seu espírito
A pregação que você prepara não pode ser divorciada de você mesmo! Quando você prega a homens e mulheres, algo do seu espírito se revela a eles, e não pode ficar oculto. A mais famosa afirmação desta ligação indissolúvel entre o pregador e sua pregação se encontra na palestra de Phillips Brooks, intitulada Os Dois Elementos da Pregação, apresentada na Conferência Lyman Beecher, em 1877:
“A pregação é a comunicação da verdade feita de homens para homens. Ela tem dois elementos essenciais: verdade e personalidade… Nenhum destes pode estar ausente e, ao mesmo tempo, haver pregação… Pregar é apresentar a verdade por meio da personalidade… A verdade, em si mesma, é um elemento fixo e estável; a personalidade é um elemento variável, sujeito a crescimento.”
Phillips Brooks
02. Sua linguagem
Como transmitimos a mensagem àqueles que estão diante de nós? Por meio de palavras! Se essas palavras são claras e vigorosas, a mensagem será clara e vigorosa. As palavras são o veículo pelo qual os pensamentos de nossa mente chegam ao coração dos ouvintes. Todos os outros fatores mencionados neste capítulo podem ajudar ou prejudicar a mensagem, que, em si mesma, é constituída de palavras.
03. Sua voz
Os pregadores jovens sempre me pedem algumas regras simples que os ajudem a desenvolver uma voz interessante, protegida do desgaste. Nunca me senti capaz de dar-lhes tais regras, mas tenho lhes transmitido algumas dicas. A mais importante dessas dicas é entender que “a perfeição ao pregar está em falar normalmente” (C. H. Spurgeon). Na conversa normal, não pensamos muito em nossa voz. Nossa mente é tomada pelo que desejamos comunicar e pelo que desejamos que aconteça em seguida. Se isso também acontece conosco quando pregamos, falaremos muito bem.
04. Sua comunicação não-verbal
Não ousemos ignorar esse fenômeno! Não o ridicularize. Tonalidade de voz, sorrisos, rosto franzido, piscadelas, fitar alguém e acenar com os olhos transmitem realmente uma mensagem, como o reconhece a Palavra de Deus (Pv 6.12-14). Pregar não é apenas algo que ouvimos; é também algo que vemos. Quando as pessoas o vêem pregando, seus olhos, mãos, face e pés estão comunicando algo. E isto pode ser em seu favor ou contra você.
05. Sua aparência
Com muita freqüência, tenho me distraído da Palavra por causa das vestes do homem que a proclama. Não é agradável gastar muito tempo vendo uma enorme mancha de café abaixo do queixo do pregador, um esquiador sorridente em um pulôver vermelho ou dois personagens famosos de desenho animado impressos na camiseta do pregador! Mais do que uma vez, pessoas me disseram que não puderam levar à sério pastores convidados, porque, embora eles tivessem orado e apresentado as Escrituras, se vestiam com camisetas de futebol. Nem todos concordamos a respeito do que é ou não permissível. Mas todos precisamos concordar que esta é uma área em que precisamos meditar mais profundamente.
06. Seus movimentos e gestos
O que fazemos com o nosso corpo, cabeça e mãos durante a conversa normal, em especial quando estamos de pé? Não os usamos normalmente para expressar nervosismo e sim para nos ajudar a fazer que os outros entendam melhor o que estamos dizendo e, se necessário, para descrever o assunto com mais exatidão. Devemos fazer a mesma coisa quando pregamos. Se lembrarmos que a pregação deve assemelhar-se a uma conversa em público, evitaremos muitos dos maiores erros.
07. Seu tempo
Cada pregador que Cristo tem enviado está ciente de que, por conta própria, não pode converter ninguém, nem fazer qualquer bem duradouro. Ele se mostra grato por tudo o que sabe a respeito da ajuda do Espírito Santo em expor a Palavra e anela que esse Espírito venha sobre ele de maneira singular. Cada pregador sabe que essa experiência será muito diferente de um fluxo de adrenalina ou de um senso de entusiasmo que todos os pregadores sentem de vez em quando. Ele sabe que poderia pregar durante horas ininterruptas. Mas também sabe que as regras normais devem ser aplicadas!
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