O uso de ilustrações na pregação bíblica


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As ilustrações geralmente são bem aceitas durante a pregação, no entanto existe também aqueles que acreditam que o púlpito não é local de se contar “historinhas”, muitos já tiveram este pensamento ou ainda o possuem.

No entanto apresentamos a argumentação de Charles Spurgeon, o príncipe dos pregadores, em defesa do uso de ilustrações em nossas pregações.

O emprego de ilustrações na pregação

Diz o excêntrico Thomas Fuller: “Os argumentos são as colunas da fábrica de um sermão, mas as analogias (ilustraçoes) são as janelas que dão as melhores luzes”. A comparação é feliz e sugestiva.

A principal razão para a construção de janelas numa casa, é como diz Fuller, deixar a luz entrar. As parábolas, os símiles e as metáforas produzem este feito; daí, nós os empregamos para ilustrar a nossa matéria-prima, ou, noutras palavras, para “dar-lhe o brilho da luz”, pois essa é a tradução literal que o Dr. Johnson faz da palavra ilustrar.

Muitas vezes, quando o discurso didático não consegue esclarecer os nossos ouvintes, podemos fazê-los ver o que queremos dizer abrindo uma janela e deixando entrar a agradável luz da analogia.

O nosso Salvador, que é a luz do mundo, tinha o cuidado de encher de comparações os Seus discursos, de modo que o povo comum O ouvia alegremente. O Seu exemplo sela com autoridade de alto nível a prática de iluminar a instrução celestial com analogias e comparações.

A verdade abstrata se nos apresenta muito mais vividamente quando nos é dado um exemplo concreto, ou quando se veste a doutrina com linguagem figurada.

Quando o profeta Natã se apresentou diante do Rei Davi para repreende-lo a respeito do pecado que havia cometido, usou para com ele de uma parábola que o fez enxergar seu pecado gravíssimo, reconhecer seu erro e rogar por perdão.

Veja essa passagem em 2 Samuel 12

Portanto, temos a mesma opinião de Joshua Shute, que dizia: “Possui a máxima instrução o sermão que tem maior clareza. Por isso um grande erudito costumava dize: “Senhor, dá-me bastante instrução para que eu possa pregar com bastante clareza”.

As ilustrações tornam o sermão mais interessante

As janelas tornam uma habitação muito mais aprazível e amena, e assim as ilustrações tornam um sermão agradável e interessante.

Um edifício sem janelas seria uma prisão, e não uma casa, pois seria completamente escura, e ninguém se interessaria em alugá-lo. Do mesmo modo, discurso sem metáfora é insípido e fastidioso, e envolver mortificante enfado a carne.

Quando se conta aos nossos ouvintes uma historieta, eles descansam, tomam fôlego, e dão asas à sua imaginação, e assim se preparam para o trabalho mais duro que as espera, quando ouvirão as nossas exposições mais profundas.

Este é o efeito de um símile pertinente no meio de um sermão; lança luz a matéria toda, e alegra os corações. As ilustrações tendem a animar os ouvintes e a despertar a atenção.

Use ilustrações, mas com cautela

Conquanto recomendemos desse modo as ilustrações para os usos necessários, é preciso lembrar que elas não constituem o ponto forte do sermão, não mais que a janela é o ponto forte da casa. Por esta razão, entre outras, não devem ser muito numerosas.

Aberturas para iluminação com demasia pode diminuir a estabilidade de um edifício. Conhecemos sermões tão cheios de metáforas, que se tornaram estruturas fracas e quase dissemos doidas.

Sermões muito bonitos geralmente são muito inúteis. Portanto recomendamos que a cada ponto principal, ponto-chave em uma pregação, seja acompanhando de explicação, ilustração e aplicação.

Em alguns casos a aplicação estará dentro da própria ilustração. Em um sermão de 3 pontos expositivos, a estrutura ficaria:

  1. Introdução
  2. Ponto-chave do sermão
    1. Explicação / Argumentação
    2. Ilustração
    3. Aplicação
  3. Ponto-chave do sermão
    1. Explicação / Argumentação
    2. Ilustração
    3. Aplicação
  4. Ponto-chave do sermão
    1. Explicação / Argumentação
    2. Ilustração
    3. Aplicação
  5. Conclusão

Ilustrem, sim, mas não deixem que o sermão seja todo ele ilustrações, caso que só será próprio para uma assembléia de simplórios. Um livro se beneficia pelas gravuras da ilustração, mas um álbum de recortes, que é todo composto de figuras, normalmente se destina ao uso de crianças.

Você encontra esta e outras recomendações à pregação por Charles Spurgeon nos livros:
Lições aos meus alunos Vol.3
 


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