Chamado para pregar


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No que consiste o chamado para a pregação?

Lloyd-Jones identificou seis marcas distintas desse divino chamado ao púlpito. Ele mesmo sentiu a gravidade de cada uma dessas realidades pesando sobre sua alma. Ele cria que as mesmas forças espirituais deveriam vir a todos os pregadores.

Primeiro, Lloyd-Jones afirmava que deveria haver uma compulsão interna naquele que foi chamado a pregar a Palavra. Ele afirmou que era necessário uma “consciência interior de seu espírito, uma percepção de certa pressão sobre o espírito da pessoa”. Ele identificava isso como um irresistível impulso, como “uma perturbação no âmbito do espírito”, de modo que “sua mente é direcionada à questão toda da pregação”. Esta coação interior torna-se “a força mais dominante de suas vidas”. Lloyd-Jones explicou: “Isso é algo que acontece a você, e Deus age sobre você por meio do Espírito. É algo que você passa a ter consciência e não algo que você faz”.

“Noutras palavras, o impulso por pregar torna-se um fardo sobre o coração que tem de ser cumprido. E uma santa preocupação dentro da alma, que faz com que aquele que foi chamado saia pela fé e assuma a obra.
Esse chamado divino, acreditava Lloyd-Jones, agarra a alma e governa o espírito. Ele torna-se uma sobrepujante obsessão que não pode ser descartada. Não some, nem deixa um homem conseguir o mesmo. Ele explicou que assim não há meio de escapar. Tal força toma conta do homem que está cativo. Lloyd-Jones reconhece isso ao afirmar:
“Você se esforça ao máximo para segurar e se livrar dessa perturbação de espírito, que vem nestas variadas formas. Mas você chega ao ponto de não conseguir mais. Torna-se quase uma obsessão, e é tão pujante que no final você diz: “Não consigo mais nada, não posso mais resistir”.

Segundo, Lloyd-Jones enfatizou que haveria uma influência externa, que víria ao que foi chamado. A contribuição e o conselho de outros crentes se tornam influentes ao que está destinado ao ministério. Pode ser pelo comentário de um pastor ou a afirmativa de um presbítero. Pode ser pelo encorajamento de outro crente. Quando ouvem essa pessoa falar a Palavra, talvez em classe ou estudo bíblico, eles são muitas vezes os que melhor discernem aquele que foi chamado ao ministério.

Noutras palavras, pessoas observadoras frequentemente reconhecem a mão de Deus sobre essa pessoa antes mesmo dela perceber. Os que conhecem melhor a Deus e mais amam sua Palavra conseguem detectar quem está sendo separado para esta obra. Dão animação perceptiva ao indivíduo que está sendo chamado.

Terceiro, Lloyd-Jones afirmava que o que foi chamado experimenta uma preocupação amorosa para com o próximo. Deus dá ao que foi escolhido para pregar uma imensa compaixão para com as pessoas. Como parte dessa escolha divina, o Espírito Santo concede um desejo consumidor pelo bem-estar espiritual das outras pessoas. Lloyd-Jones escreveu: “O verdadeiro chamado sempre inclui uma preocupação pelo próximo, um interesse nele, um reconhecimento de sua condição de perdido e desejo de remediar essa situação e falar-lhe a mensagem, apontando o caminho da salvação”. Este amor ao próximo inclui o reconhecimento distinto de que incontáveis pessoas perecem sem Cristo. Além do mais, existe uma preocupação de que muitas dessas almas perdidas estejam na igreja. Quem foi chamado a pregar sente-se compelido a despertá-los para sua necessidade de Cristo. Ele é constrangido a alcançá-los com a mensagem salvadora do evangelho.

Na vida de Lloyd-Jones, ele experimentava essa preocupação crescente pelo próximo. Disse ele: “Ás vezes, eu costumava me sentir abatido em Londres, ao ver os carros passarem, levando as pessoa aos teatros e outros lugares com tanta conversa e empolgação e eu reconhecia, de repente, que isso tudo queria dizer que essas pessoas buscavam a paz, paz para si mesmas”. Sua crescente preocupação agora não era a saúde física, mas seu bem-estar espiritual.

Quarto, Lloyd-Jones afirmava que havia um enorme constrangimento dentro da pessoa chamada para realizar essa obra. Dizia ” que haveria “um senso de constrangimento”, ou seja, ele se sentia” obrigado a fazer este trabalho. É como se Deus não o deixasse livre do dever de pregar. Não havia nada a fazer, senão seguir este ímpeto interior de pregar. A necessidade lhe é imposta, e ele tem de pregar não obstante o que os outros possam dizer. Tem de ministrar a Palavra, não importam os obstáculos que terá de vencer.

Quinto, Lloyd-Jones acreditava que o homem chamado para pregar vem sob uma humildade sóbria. Ele cria que essa pessoa é de tal forma dominada por profundo senso de sua indignidade pessoal para tarefa tão altaneira e santa, e muitas vezes hesita em ir adiante para pregar, temendo sua própria inadequação. Lloyd-Jones escreve: “O homem chamado por Deus é uma pessoa que reconhece aquilo que foi chamado para fazer, e reconhece quão terrível é a tarefa, que ele se recolhe dela”. Embora seja compelido a pregar, ao mesmo tempo ele é temeroso de fazê-lo. Torna-se sóbrio pelo peso da tarefa de falar da parte de Deus. Treme diante dessa mordomia que lhe é confiada e pela responsabilidade que a acompanha.

Sexto, Lloyd-Jones acrescentou que há uma confirmação por parte da igreja vinda àquele que é chamado para pregar. O homem escolhido por Deus para pregar tem de ser observado e provado por outros na igreja. Só então ele poderá ser enviado pela igreja. Lloyd-Jones arrazoava, a partir de Romanos 10.13-15, que o pregador é “enviado”, que ele entende como um chamado formal feito pela igreja que o envia. Os líderes da igreja têm de examinar as qualificações daquele que foi separado para pregar, e afirmar a validade desse chamado. As mãos devem ser impostas sobre ele em reconhecimento do que Deus está fazendo em sua vida.

De acordo com Lloyd-Jones, essas são as marcas que detém o chamado ao ministério do evangelho. Em uma ou outra extensão, cada uma dessas seis realidades tem de estar presentes na vida daquele que foi separado por Deus para pregar. Cada um desses fatores é necessário para se assegurar um chamado para a pregação. Lloyd-Jones experimentou cada um desses em sua vida. Além do mais, ele encorajou a outros que discernissem a presença destas marcas em sua vida.

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